No final de fevereiro de 2016, durante 22 dias estive pelo Marrocos com mais 3 amigos para desbravar o litoral marroquino com foco no surf e conhecer um pouco das peculiaridades culturais envolvidas, vou relatar aqui em breve algumas histórias e detalhes.
O Marrocos é um país localizado no Norte da África. Basicamente a população geral é habitada por árabes e foi colonizado por franceses e espanhóis. Por isso lá eles falam a língua árabe, francesa e compreendem bem o espanhol.
Atualmente o Marrocos é um dos principais países da África, sendo uma das economias mais desenvolvidas desse continente.
Primeiramente para sair do Brasil e chegar no Marrocos, na época que fui, existia um voo que ia direto do aeroporto de Guarulhos para Casablanca com uma duração de 09h50, com a Cia. Air Maroc (na pandemia ela parou de operar no Brasil e talvez volte em 2023) e depois de Casablanca, pegamos um voo para cidade de Agadir (voo em torno de 1h20 de duração), onde está a região mais próxima de Taghazout e ficam as melhores ondas para o surf. Neste prezado momento, as Cias. que fazem voo do Brasil para Marrocos, geralmente passam por Amsterdã ou Paris, antes de chegar a Casablanca ou Marrakesh sendo operado pela KLM ou Air France.
Neste voo da Air Maroc, tinha um atrativo das tarifas serem bem baratas, uma média de 500,00 euros com taxa de embarque. Somente a cobrança de taxa de pranchas é um pouco abusiva, onde eles cobram uma média de 200,00 euros por pack, com até 3 pranchas dentro, pesando até 23kg. A cobrança é feita no check-in, tanto na ida quanto na volta.
O serviço de bordo é bem fraco, e a Cia. aérea deixa a desejar em alguns quesitos como atendimento, organização e estrutura da aeronave, por isso, até indicamos outros voos para chegar ao Marrocos, mesmo que faça uma conexão a mais.
Aos brasileiros não há exigência de visto sendo uma estadia de até 90 dias. Lembre-se de que apesar do visto não ser exigido, você deve ter um passaporte válido por pelo menos seis meses a partir da data de saída do país do Brasil e uma página de visto em branco, ter comprovação dos voos de ida e volta, e e vacina do Covid com mínimo de 2 doses. Vacina contra febre amarela sendo comprovante internacional é recomendado porém não obrigatório.
Chegando no aeroporto de Agadir fomos recebidos pelo guia local Hicham, que já havia nos contatado antes do voo e organizado comigo, tudo para nossa estadia em hostel 5 estrelas na praia de Taguazout, juntamente com a locação do carro e passar os dias surfando as ondas desta região. A costa do Marrocos é incrível e conta com muitas ondas solitárias onde os surfistas tem o privilégio de surfar points e beach breaks perfeitos, o crowd é bem baixo e a temperatura da água geralmente fria, em torno de 19 graus.
O serviço de guia local é extremamente recomendável, para mostrar os lugares certos na hora certa, bem como analisar os fatores de maré, ondulação, vento, além de orientar pois a maioria dos picos são com fundo de pedra (point breaks) portanto existem os lugares certos para sair e entrar. É predominante as ondas para a direita, sendo todas elas muito extensas e manobráveis, e alguma sessões tubulares, de vez em quando uma forte correnteza aparece no canal, então fique ligado na sua remada.
Além das ondas perfeitas dos points breaks pela costa como Anchor Point, Killers e outros secrets que são recomendáveis para níveis intermediários e avançados, há diversas ondas para iniciantes em alguns beach breaks, onde existem muitas escolas de surf que operam por lá e trazem muitos europeus para região, principalmente franceses e holandeses.
Com certeza houve uma melhora significativa na infraestrutura local, incluindo o desenvolvimento de melhores acomodações, melhorias em estradas e na receptividade de turistas, isso elevou essa região do Marrocos como um destino muito procurado no mundo dos surfistas. A grande quantidade de ondas de qualidade na área de Taghazout, bem como em outras aéreas, tornam Marrocos uma excelente opção para visitar nos meses de Outubro a Abril, que é a época de grandes ondulações na região e muitos surfistas profissionais vão visitar o país, regressando com vídeos e fotos memoráveis.
Um destaque para o surfista local Ramzi Boukhiam, que neste ano de 2022 se tornou o primeiro surfista Marroquino a entrar e se classificar para o campeonato mundial de surf de 2023, onde disputará entre os 32 melhores do mundo as etapas da WSL pelo mundo.
Um dos dias inesquecíveis foi quando o guia falou que rolaria um pico clássico e que valeria a pena dirigirmos em torno de 3h até a região de Essaouira, na praia de Imessouane. Este dia delirávamos com as ondas perfeitas e solitárias que lá se encontravam, surfamos sozinhos quase 4h, as pernas ficaram moídas e a cabeça feita.
No dia a dia surfávamos as regiões mais próximas do hotel, as ondas como Anchor point, Boilers, Paradise eram checadas diariamente e de lá tínhamos a referência de como iriam estar outros picos. Em um destes checks matinais (acordávamos todos os dias as 06h00) e confesso que com Long John 3.2 molhado, um frio lá fora e só de pensar na água gelada, não era fácil mas todo o esforço sempre vale a pena se tratando de surf e ondas perfeitas.
Em uma destas manhãs memoráveis pegamos uma onda chamada Killers, as condições estavam épicas, entramos por um penhasco em torno de 15 minutos andando, com muito cuidado e em meio a algumas pedras e rochas, tivemos mais uma visão do paraíso, as ondas quebravam de 06 a 09 pés perfeitas, abrindo infinitamente com uma sessão de tubo absurda.
Foi uma das melhores ondas que surfei na trip, tendo sessão de batida, rasgada e tubos! Meus amigos deliravam também e novamente sem ninguém na água!!! Realmente vivemos um sonho ali.
Um lado ruim é que não encontramos fotógrafos locais e nem estrangeiros, e quando encontramos eles queriam cobrar um preço absurdo e fora do orçamento, então vídeo e fotos de surf, foram feitos do celular (quando alguém saia da água deixando de surfar por cansaço) mas ficam na memória e na conversa dos amigos para relembrar estes dias clássicos de surf.
Referente a parte hoteleira, o preço onde ficamos é muito bom e competitivo, uma média de 7 noites com todas refeições, traslados, locação do carro, guia e serviços do hotel ficaram em torno de 450,00 euros por pessoa, é bem econômico se comparado com algumas regiões da Europa, que ficam ao seu redor. Ficamos em um hostel considerado 5 estrelas, com quartos enormes, suíte com banheiros privativos, ar condicionado (quente utilizamos muito), totalmente confortável.
Fomos muito bem recebidos por todos mas vou deixar um destaque aqui para culinária local, é um show de gastronomia, principalmente os pratos típicos, muitos bem servidos durante as refeições e apreciados com toda riqueza cultural que eles possam trazer, em especial o Tagine, frangos com batata e legumes feito em um forno a lenha em uma cumbuca de madeira, fica delicioso, além dos famosos cuscuzes marroquino muito apreciados a todo momento.
Fizemos alguns passeios pela cidade para conhecermos os mercados locais e algumas atividades, com a cultura predominantemente mulçumana, a todo tempo eles param para suas rezas e tradições locais. Nos bares, restaurantes e mercados são proibidos a venda de bebidas alcoólicas, somente em alguns locais são permitidos, geralmente dentro dos hotéis e hostels.
A venda de chás é muito comum e sempre que saíamos do surf, tinha um vendedor com chá quentinho a nossa espera. Vimos diversos camelos como meio de transporte em vários cantos, é bem comum eles estarem andando por ali, por isso não se assuste. Caso queiram sair na noite, esta região conta com algumas festas e casas noturnas mas todas sem álcool e com muita música e dança. Resumindo, se você quer comer bem, gastar pouco, surfar ondas perfeitas com pouco crowd, mesmo se aventurando nas águas geladas, pode colocar Marrocos no seu destino, é extremamente exótico e charmoso.
Fizemos muitas amizades que ficaram para vida toda e com certeza pretendemos voltar assim que for possível para conhecer mais deste país que agrega muito.
Danilo Kazu – Consultor de viagens.